Andava pela sala arrastando um corpo que se fingia alma. Entorpecida em seus medos, tropeçava na plenitude da ausência de si mesma. “Sou angústia” - pensava. “Sou esboço de tudo que desejei pra mim. Sou um todo que de mim escapa. Sou anseio que não se realiza. Sou silêncio, entrelinha, reticência e etcetera.” Deparou-se consigo mesma em frente ao espelho. Como Narciso olhando sua imagem refletida nas águas, encantou-se pelo que viu. Havia algo além do que a retina registrava. Havia por detrás da fronte franzida um átimo de esperança e voltou a pensar: “se sou esboço, sou obra inacabada. Se sou um todo que de mim escapa, sou parte que só eu domino. Se sou anseio, sou possibilidade de um vir a ser que a mim pertence. Se silêncio em ato, música em potência. Se entrelinha, sou além do que em mim escrevo. Se reticência, deixo que o outro a mim suponha. Se etcetera, sou muitas, sou pluri. Sou autora de mim mesma burilada em “sentires”. Trago no corpo e n’alma as linhas de um mapa que, bandeirante da vida, desbravo".
E mais uma vez...
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Me rasga
Me espedaça
Me joga ao vento
Me espalha
Me retalha
Eu volto e te invento
E mais uma vez você me engole
Peço que suma, desapareça
Vá se tor...
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