Mas foi assim que conheci ELA, em meio a minha loucura, o medo da nova escola e o atraso eterno do meu pai em ir me buscar na saída da escola, que encontrei ELA. Pois ELA, também tinha alguém que se atrasava na hora da saída e ELA também tinha uma companheira chamada Solidão igual a minha...
E um dia, em um desses atrasos paternos, ELA apresentou sua Solidão à minha, que juntas nos deixaram sem companhia. Foi então que nesse intervalo, um “OI” foi resvalado. E foi seguido de um “seu pai sempre se atrasa né?”. Sim, apesar de ELA ter a sua Solidão como companheira, ela já me notava sentada com a minha Solidão na rampa da escola, sempre a espera.
Respondi, com uma sensação incandescente dentro de mim, “é, sempre. Meu nome é Adrian Greyce e o seu? A gente estuda na mesma sala, mas como acabei de chegar não gravei nome de ninguém...”, “Juliana Clara! Quer sentar aqui comigo?”. E esse foi nosso grande começo, ELA tinha um nome, um nome que expressava tudo que ela era.
E no dia seguinte e no outro e nos próximos que viriam, passamos a sentar juntas em sala de aula, a esperar juntas nossos “papys” atrasados. Trocamos números de telefone e todo dia depois do almoço conversávamos horas a fio, apesar de passarmos a manhã inteira juntas compartilhando dos mesmos acontecimentos.
Mas tudo estava começando a ser maravilhoso em nossas vidas, afinal havíamos nos conhecido e mesmo com toda a diferença , éramos completamente idênticas pois, vivíamos o mesmo instante já. Ela era nesse estágio da minha vida, a minha MELHOR AMIGA e vice-versa.
Dessa etapa em diante, não nos desgrudávamos mais, choramos, sorrimos, brigamos (mas nunca ficamos de mal), nos apaixonamos pelo mesmo cara (eu abdiquei do que sentia para que ela pudesse viver o momento), ela estava lá no meu primeiro beijo (me acobertando para que a diretora não visse) e vice-versa, estudávamos juntas (ela me ajudava com a matemática e eu não precisava ajudar porque ela era C.D.F.), e eu a ajudava com o relacionamento com o pai.
Trocávamos presentes, cartas, ovos da páscoa, segredos e muitas alegrias.
Terminamos o 1º grau e fomos estudar juntas no Colégio Sistema, fizemos um rebuliço no primeiro dia de aula, por não estarmos na mesma sala, só prestava se fosse junto, lado a lado, como sempre tinha sido. E vivíamos e crescíamos juntas! E dessa vez, veio a escolha para o vestibular, ELA optou por Biomedicina e eu por Comunicação, tudo na mesma faculdade, para que a separação fosse menor.
Passamos, comemoramos juntas e ai começou outro desespero, estudar sem ela para me apoiar, passar a caminhar sozinha por um lugar desconhecido. E mesmo assim, depois do almoço tínhamos o que conversar, pois não adiantava, mesmo existindo momentos diferentes éramos complementares.
E um dia, recebo uma ligação dela “Vou visitar minha avó lá no Pará, nesse feriado, quando eu voltar vamos assistir Frida no cinema e depois colocar as novidades em dia. Não vou dar “tchau”, porque daqui a 3 dias estou de volta.” E o telefone foi desligado.
Eu não dei “tchau” e ELA não voltou... Não assistimos a Frida Kahlo e eu não a tenho mais depois do almoço, pelo telefone e não a encontro mais no buzu para a faculdade...
Juliana Clara, faleceu em um acidente de carro, na volta da casa da sua avó, junto com ela morreram sua mãe e seu primo, sobrevivendo apenas seu irmão mais velho que estava dirigindo o carro. Ela partiu com apenas 18 anos, deixando para trás, seu grande amor (Matheus Feitoza) e sua melhor amiga (Adrian Greyce).
E eu queria apenas ter podido dizer “tchau, amo muito você! E todos esses anos foram os mais belos da minha vida!”.
Matheus e Juli
Jú você continua sendo a minha ÚNICA E MELHOR AMIGA! Mesmo depois de virar estrela... Amo você!
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